AÇÃO NA FAVELA DO MOINHO

Acontece que existe uma favela embaixo do viaduto Rio Branco, chamada Favela do Moinho, localizada nos Campos Elíseos, a aproximadamente meia hora de caminhada de Higienópolis, um bairro burguês que fica nos arredores. Aí acontece que um grupo de pessoas estranhas, com roupas e cabelos diferentes – provavelmente artistas – decidiu que, durante alguns fins de semana, aquele lugar poderia ser transformado em algo diferente.

A realidade é que aquele lugar é bastante precário, sem eletricidade, saneamento básico, água encanada e oportunidades. Cresceu sobre o que, outrora, foi nobre – a FÁBRICA, o TREM – símbolos da emergente industrialização e modernização paulistana. Desses tempos passados, algo ainda permanece lá: um enorme moinho central e um edifício outrora imponente, que hoje são apenas escombros, vestígios da modernização, escombros da fábrica, escombros do prédio, escombros da história. E, também, escombros humanos…

E assim começou todo o processo, com pessoas falando sobre diversas coisas: miséria, urbanização, caridade, política, exclusão, história, revolução (!), socialismo (?), colonialismo. Disseram muitas coisas… Algumas pessoas pintaram barracos, tiraram fotos e gravaram vídeos para mostrar ao mundo. Dançaram, mapearam e percorreram toda a favela, teve batucada e até uma gangorra. Algumas pessoas desenharam e colaram desenhos aleatoriamente. Houve quem registrasse sonhos e plantasse árvores, também. E, entre essas ações, há até uma história sobre uma fila e um algodão-doce que gerou controvérsias, pois dizem que foi cruel e desumano, ofendendo alguns…

Subi ao topo do silo central da Favela do Moinho e ajudei a estender um tecido VERMELHO lindo que, em outras circunstâncias, poderia ser chamado de Bandeira de Guerra, com os disparos sendo ouvidos a quilômetros de distância… Tenho me dedicado muito, mergulhado profundamente, aprendido bastante e, confesso, também me divertido. Mas não sei o que está acontecendo…

Lucas D. – abril de 2005″

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